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A mostrar mensagens de julho, 2014

Um potencial a explorar

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J.-M. Nobre-Correia África : Apesar da revolução das telecomunicações e das novas configurações acionísticas das empresas, os média continuam a ignorar cegamente os países lusófonos… Tem-se falado muito nas últimas semanas do português como ”terceira língua europeia no mundo”. E até como primeira “no hemisfério sul”. Mas de pouco ou nada tem servido este estatuto nas estratégias editorial e comercial dos média portugueses. Não se aproveitaram os formidáveis desenvolvimentos das telecomunicações para procurar implantar a imprensa nos países que têm o português como língua oficial. As iniciativas em rádio e em televisão são modestas. E a internet tem pura e simplesmente sido descurada. Quando se pensa em implantação dos média portugueses no mundo lusófono, é aliás no Brasil que antes do mais se pensa. Só que, no Brasil, os médias tradicionais (imprensa, rádio e televisão) apresentam um nível de desenvolvimento superior aos de Portugal. Pelo que só um investimento m

Des lendemains incertains

J.-M. Nobre-Correia Après une très longue crise à rebondissements, Libération se retrouve avec de nouveaux actionnaires et une nouvelle-ancienne direction : des paris risqués… Des événements récents sont de nature à susciter des interrogations sur l’avenir du quotidien Libération . Car le journal se retrouve dans le giron de nouveaux actionnaires, tandis que des changements se sont opérés à différents niveaux de la direction. Plongé dans une longue crise qui paraissait devoir à court terme condamner le journal, la rédaction a eu une réaction absurde, voire archaïque, aux projets de relance de l’actionnaire majoritaire de l’époque, Bruno Ledoux. Alors même que la trésorerie du journal est déficitaire et que les ventes chutent vertigineusement [ 1 ] , personne ne sait au juste comment sauver la presse écrite, comment la faire redevenir rentable. Le projet de Ledoux, discutable, avait en tout cas le mérite d’exister et de vouloir innover. Les inconnues des nouveaux pr

Da superioridade ética da República

J.-M. Nobre-Correia Uma confrontação da atualidade espanhola com a francesa põe em evidência a natureza não-democrática das monarquias… O novo chefe de Estado espanhol esteve em Portugal em visita de cortesia. E neste clima de entrada em funções (de “proclamação”) e de visitas de cortesia (ao Vaticano, a Portugal, a Marrocos e a França), os média, que adoram histórias de reis, príncipes e fadas, “esqueceram-se” de abordar o essencial. E, neste caso concreto, como foi operada a transição de Juan Carlos de Borbón para o seu filho Felipe. Ora, esta transição apresenta aspectos perfeitamente chocantes numa sociedade que se pretende democrática. Começando pelo facto que, designado pelo ditador Francisco Franco, Juan Carlos de Borbón ficou no poder mais de 39 anos, sem nunca se submeter a qualquer consulta popular democrática. Mas o dito Borbón, sem fortuna pessoal no início, acumulou uma fortuna colossal durante estes 39 anos, sem que a justiça democrática tenha tido o dir

As prioridades da tribo

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J.-M. Nobre-Correia Hierarquização : Quando a “classe” jornalística dá o sentimento de fazer jornais da “classe” para a “classe”, privilegiando os centros de interesse da “classe”… Estamos assim. Mas Portugal não constitui uma exceção. Só que, por cá, as coisas tomam uma dimensão altamente exagerada. Porque, nos outros países europeus, e nomeadamente nos mais vizinhos, a demarcação entre média “de referência” e média “populares” continua a ter pertinência. Mas, neste país, as linhas de demarcação saltaram e vive-se num magma em que tudo vale tudo. Ou quase… O princípio do que se poderá chamar o fator “entourage” é simples : acontecimentos ou gestos, anódinos ou fúteis, que dizem respeito a próximos de personalidades de alto nível — próximos pelas relações pessoais, familiares ou profissionais — têm grandes chances de vir a ser temas de informação. Toma-se assim conhecimento que o pai de tal cantor célebre foi preso, que o filho de tal presidente dos EUA está dese