Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2015

Uma indesejável confusão

J.-M. Nobre-Correia Média : De tempos a tempos, regularmente, a torto e a direito, fala-se por aí de censura. Como se, em decisões recentes, houvesse algo de comparável com o que Portugal conheceu sob o salazarismo… Anda por aí uma polémica que em nada ajuda a compreender o funcionamento dos média. Até porque a confusão dos conceitos é total. Confusão voluntária e claramente assumida para vitimizar seriamente quem foi objeto de uma decisão. E para desacreditar gravemente quem a tomou. Mas esta confusão não tem nada de atual, de recente. Fala-se de censura a torto e a direito. Quando um texto ou peça não é publicado. Quando um colaborador exterior é dispensado ou membro da redação despedido. Quando uma rubrica ou emissão muda de página, de configuração ou de horário. Ou quando esta é pura e simplesmente suprimida… Censura e critério editorial Só que há duas noções que não devem ser confundidas : censura e critério editorial. E só quem esteja de má fé ou não tenh

Os diários aqui ao lado…

Média : A abordagem da situação atual da imprensa em Portugal seria bastante mais significativa se se tivesse o cuidado de a inserir no contexto europeu. Ou pelo menos no da imprensa da vizinha Espanha… Pouco se escreve de verdadeiramente sério sobre a imprensa portuguesa. Lá se vão lendo umas coisitas sempre muito orientadas, instrumentalizadas, sobre os dados de difusão (“circulação”) e de audiência : cada jornal diz então que as coisas vão mais ou menos mal para os outros e mais ou menos razoavelmente bem para ele próprio ! Ou então lêem-se por vezes umas coisitas também quando há mudanças na direção de um jornal. Ou se houver uns despedimentos em massa. E pouco mais. Para não dizer mesmo : e praticamente nada mais. Por exemplo : foi por aí publicada alguma informação e análise sérias sobre as recentes valsas de nomes nas direções do Diário Económico , da Visão , do Sol e do I ? Porquê tais mudanças ? Que significado têm ? Ou até situações como estas : porque é

Se houvesse de facto democracia…

J.-M. Nobre-Correia Política : O estrondoso resultado do referendo na Grécia abre uma semana crucial nos destinos da União Europeia. Resultado de que há que tirar todas as consequências em termos de funcionamento interno… Suponhamos que a União Europeia era uma verdadeira construção democrática. E não uma democracia de fachada, puramente formal. Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, deveria ter tido a decência de anunciar a sua demissão, uma vez conhecido o resultado estrondoso do referendo grego. E, não tendo esta decência, os parlamentares europeus unânimes, ou pelo menos na sua grande maioria, deveriam exigir tal demissão. Pela boa e simples razão que Schulz fez nestes últimos dias, e ainda no próprio dia do referendo na Grécia, declarações inadmissíveis, de um antiparlamentarismo primário. E mais : os mesmos parlamentares europeus deveriam pedir a Jean-Claude Juncker e a Pierre Moscovici que se demitissem. Ou que, em caso de recusa, viessem, no mínim

Outras facetas de uma crise

J.-M. Nobre-Correia Política : Os europeus têm os olhos voltados para a Grécia. Até porque, para além dos resultados do referendo, é o destino mesmo da União Europeia que se joga, mais democrática ou sobretudo dominada por tecnocratas… É uma evidência : a longa crise grega atual fará data na história da União Europeia. Que mais não seja porque constituirá muito provavelmente um marco à partir do qual se assistirá a uma aceleração de um processo em curso. Ou a uma viragem decisiva neste mesmo processo. Com grandes probabilidades que a primeira hipótese seja a mais plausível. Em termos políticos, a atual crise grega põe em evidência pelos menos quatro pontos. Primeiro : o facto de a democracia cristã (ou cristãos-sociais) e a social-democracia (trabalhistas ou socialistas) terem renunciado aos mais elementares princípios sociais e económicos que constituíam as identidades específicas de cada uma dessas duas movimentações. De se encontrarem cada vez mais desprovias de