Os critérios jornalísticos da RTP…
J.-M. Nobre-Correia
Média :
ingenuamente, estamos sempre à espera que o serviço público nos proponha um
telejornal com um pouco de qualidade. Com a morte do João Varela Gomes, ela ilustrou
uma vez mais a sua mediocridade…
Viram
no telejornal das 20h00 da RTP 1 de terça-feira 27 de fevereiro, o tempo
consagrado à morte de João Varela Gomes (militar que foi um ator da história da
resistência ao salazarismo e da construção do Portugal do após 25 de Abril) e a
forma de tratamento adotada para esta sequência ?
E
logo imediatamente a seguir, viram também o tempo consagrado à vitória do
Sporting sobre o Moreirense e forma como foi tratada esta sequência, com a
inevitável entrevista do omnipresente quotidiano treinador do dito clube ?
Assim
vai esta lamentável televisão dita de "serviço público". E assim vai
tristemente o lamentável jornalismo televisivo praticado em Portugal…
É
esta a tristeza da "informação" que é proposta diariamente aos cidadãos
portugueses…
Vamos
mais longe : não se trata aqui de estar ou de não estar de acordo com as
posições assumidas por João Varela Gomes ao longo da sua vida. Trata-se muito
simplesmente de dar a devida importância a um tema de atualidade e mais
concretamente a um personagem que marcou a história contemporânea portuguesa.
Ora,
uma redação a sério, uma redação que se preza, é uma redação que procura saber
o que se passa em redor. Que sabe assim que João Varela Gomes tinha a idade que
tinha. Que sabe que ele, provavelmente, já não se encontraria na melhor forma
física. E que, em consequência disto, tem uma ou mais sequências devidamente
preparadas "no frigorífico" para sair na devida altura e completar
com um ou outro aspeto mais de atualidade…
Mas
para isso são precisos jornalistas, uma redação, um chefe de redação, um
diretor da informação que façam jornalismo a sério. Que saibam o que quer dizer
seleção e hierarquização dos factos de atualidade, mas também perspetivação,
análise e eventualmente comentário sobre os factos da atualidade. O que não é
manifestamente o caso nesta grande casa (…em termos de tamanho, evidentemente)
chamada RTP, que é, ao que parece, a radiotelevisão de serviço público em Portugal
: pobre país !…
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